O EMPREGO E A TECNOLOGIA

BREVE REFLEXÃO SOBRE UM PROBLEMA SÉRIO

Queridas Ultras, o artigo de hoje não pretende ensinar nada a ninguém nem tão pouco dar nenhuma novidade. É apenas uma reflexão, pois há assuntos em que vale a pena pensar.

Eu sou relativamente nova, tenho pouco mais de trinta e ainda me recordo perfeitamente do telefone de disco em cima do móvel do hall de entrada e do televisor enorme e pesado que havia lá em casa. Sem comando e que se sintonizava com uma espécie de ponteiro pequeno encarnado que se encaixava ao lado dos botões. Até os botões eram de outra era… carregávamos e ficavam metidos para dentro. Nada tinha luzes de stand-by e nada era como é hoje.

Ainda me recordo dos primeiros telefones móveis, enormes, pesados e pouco práticos comparativamente com os de hoje. Lembro-me da publicidade da extinta TMN e dos MIMOS e do surgimento das outras redes e até do nascimento dos primeiros canais de televisão independentes, primeiro a SIC e depois a TVI. – clique para visitar –

Hoje, todos têm um telemóvel próprio dentro do bolso que possui em si mais capacidades que o computador com que o Presidente Kennedy levou o homem à lua, cumprindo assim o acto mais ousado de toda uma humanidade, em 1969. Hoje [2017] ninguém vive sem Internet, nem mesmo o mais simplório dos mortais, e esta foi integrada no quotidiano das pessoas de uma forma avassaladora. Se não está on-line nem sequer existe! A nossa breve passagem por este planeta azul, tão carinhosamente captada pelos tripulantes da missão Apollo 11 é agora por nós retratada ao minuto e colocada no Instagram, no facebook… Não vivemos sem colocar à disposição do mundo e sem comunicar de forma global.

A tecnologia avança e avança de forma frenética e os seres humanos vão correndo atrás do progresso e desta revolução tecnológica e virtual. Adaptam-se rapidamente. Tão rapidamente quando conseguem e são capazes.

No entanto, o problema aqui é outro. Hoje penso sobre esta tamanha evolução e de como estes computadores, esta tecnologia, maquinaria e robótica estão a substituir-nos e a substituir a nossa mão de obra.

Uma máquina ou programa de computador não reivindica um contrato de trabalho, salário ou férias. Não exige protecção social nem paga impostos, logo é um investimento pago uma vez e que se torna num descanso para qualquer patrão. Trabalha de forma incansável, sem pedir nada em troca, sem nunca parar.

Sim, podemos e devemos afirmar que essa mesma máquina foi concebida e programada por humanos e a sua manutenção vai constituir emprego a quem se ocupar disso, mas neste processo a balança do trabalhador médio fica muitíssimo desequilibrada.

Lugares tão simples como caixa de supermercado ou portageiro vão acabar mesmo por ser extintos e mesmo em outros sectores como a restauração as máquinas já estão a aliviar os patrões de contratar mais pessoal. Há cadeias de fast food que já possuem postos electrónicos de encomenda que depois só precisa de ser levantada ao balcão.

Numa economia que se baseia no dinheiro, tudo envolve dinheiro. A própria sobrevivência, e estou literalmente a falar de sobrevivência, não de qualidade de vida, envolve sempre dinheiro.

Dizem que foi inventado pelo Império Romano, mas na Grécia antiga e mais atrás no tempo que os “denários” romanos já há registo de transacções com objectos metálicos cunhados (moedas) e mais atrás ainda no tempo, muito mais atrás crê-se que a China já usasse tais costumes.  Por isso, não vale a pena atribuir culpados…

Com tamanha tecnologia, e tamanha substituição de postos de trabalho, pergunta a minha curiosidade, como iremos nós realizar dinheiro num futuro a médio prazo?

Este deve ser com toda a certeza o lado negro da evolução, e sinceramente penso que os governantes deste mundo, não só deste nosso pequeno país não estejam devidamente preparados para lidar com isto. Leia-se que esta palavra ISTO engloba a equação mais difícil da história da humanidade.

Somos todos fascinados e obcecados com tecnologias. Máquinas, maquinetas e engenhocas, mas se alguém de direito não se põe a pensar nisto enquanto é tempo ainda corremos o risco de implodir sobre este nosso próprio esquema global.

Não será com certeza viável voltarmos ao tempo de trocar cebolas por batatas e começar o ciclo todo novamente, mas vale a pena começar a encontrar soluções que com alguma lucidez deem conta deste cubo mágico, ou corremos o sério risco de ser engolidos pela nossa própria criação.

— Por EQUIPA ULTRAFEMININA

equipa.ultrafeminina@gmail.com

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