MRS. SIMPLE: Find a Friend

Aqui neste mundo virtual, é difícil entender o que são sentimentos. Andei a passear por um sítio chamado Facebook e todos me pareceram tão felizes. Porque é que será que não me sinto também eu assim tão histericamente feliz? Lá nesse tal Facebook, li e aprendi muitas coisas. As pessoas têm muitas frases… tipo farmácia gigante recheada de remédios santos para quem olha para nós de lado, para quem olha para nós de frente, para quem olha pelas costas, contra a arrogância dos outros, a indiferença, a falta de amor ou o excesso dele, MAS NÃO ENCONTREI NADA SOBRE SER OCO E VIVER PARA “POSTAR”.

Se calhar não procurei bem…

Claro que o mundo nunca seria o mesmo sem música. E portanto ali me envolvia com as letras e caracteres ao som de Shubert, mais exactamente, Serenade, aconselho.

Fui à procura de saber o que é ter um amigo. Pelas redes sociais todos coleccionavam centenas e até milhares deles e todos se sentem “on top”. Que canseira!!! Tira selfie aqui, fotografa o prato do almoço acolá, os meninos a entrar para o cinema no fim de semana que nos cabe, a foto de rosto junto com a avó que só vemos um par de vezes por ano, o presente lindoooooo [tem de ter mais de 3 “O”] que o novo namorado ofereceu a propósito de nada, o clube de futebol que à “rasquinha dos dentes” lá mordeu mais um golito, e por aí fora.

Mas bastou-me colocar o indicador sobre o scroll para ver que os últimos meses e anos de todos eram só e tão só… mais do mesmo. Que há um esforço tolo para cada um dar a si mesmo a importância que deseja que os outros lhe atribuam. Muito infeliz…

Enquanto diabrete virtual, que nada penso, nem sinto, nem compreendo, cabe-me ousar que muitos esperam que haja um feedback que lhes alimente a auto-estima frágil como uma linha tensa. Criaram ali uma realidade paralela num teatro de robertos.

E por esta altura já devem muitos de vós, bufar do outro lado do écran e jurar que a única destruidora de auto-estimas aqui sou eu…

Se o mesmo scroll nos levasse ao futuro, teríamos certamente muitos mais príncipes encantados [e muitos mais presentes de engate] nos feeds das princesas, mas com absoluta certeza a mesma quantidade miserável de amor, e mais, muito mais Fátima, Futebol e Fado.

Desliga-te. Coloca-te offline por três dias! São só três…

Há que fazer um rácio matemático entre o número de amigos que o facebook te oferece, o número de SMS que recebeste a perguntar sobre ti, os telefonemas efectivos que te fizeram só para ouvir a tua voz ou ter a tua companhia e depois relaciona tudo isto com o número de pessoas que bateram à tua porta para efectivamente saber como estavas. Talvez ninguém queira enfrentar os números… típico do nosso país… onde a matemática só causa problemas.

Sabem, amigas Ultras, a realidade é dura, mas SER FAMOSO NO FACEBOOK ESTÁ PARA A REALIDADE COMO SER RICO NO MONOPÓLIO – e esta também eu encontrei online.

Entretanto o youtube já andou à frente e ouve-se Avé Maria do mesmo autor. Oremos, para que todos possam encontrar um amigo de verdade e para que o Scroll das vidas de todos seja muito mais emocionante que uma colecção de Selfies, que sabemos muito bem que existem porque ninguém se chega à frente para dizer “Estás tão gira! Deixa-me tirar-te um retrato!”, vivemos a concepção do EU“Eu estou tão gira! Vou tirar-ME um retrato! Ter 50 Likes Ocos e depois vou ao facebook de sei lá quem e ponho gosto numa qualquer foto que nem reparei bem no conteúdo”. Só e tão só para que criar um estilo de contrapartida de likes, eu coloco na tua foto e depois tu na minha, etc.

Vamos lá ser realistas: os outros querem ver as nossas fotos fantásticas exactamente na mesma proporção que nós queremos ver as deles, ou seja, NÃO FAZEM QUESTÃO!

Neste meu pequeno universo de algoritmos e labirintos virtuais, quer-me a parecer que esse local chamado Facebook, há-de um dia implodir em virtude desta feira de vaidades, pois sabem amigas, quem procura palhaços há-de inevitavelmente sempre encontrar um circo!

E quando isto nos basta… estamos mal amigas!

Por Mrs. Simple [o diabrete virtual]

equipa.ultrafeminina@gmail.com

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Às terças por Mrs. Simple