BULLYING I – VIOLÊNCIA MASCARADA DE BRINCADEIRA

Todos os dias, alunos do mundo todo sofrem com um tipo de violência que se disfarça na forma de “brincadeira”. Diversas pesquisas revelam que esses comportamentos até há pouco tempo considerados inofensivos, podem acarretar sérias consequências no desenvolvimento psíquico dos alunos. O conceito de bullying é variado mas, em geral, é descrito como uma atitude de intimidação, agressão física e psicológica intencional e repetida que ocorre sem motivações evidentes, adoptadas por um ou mais estudantes contra outro (s), executadas dentro de uma relação desigual de poder.

As crianças que sofrem bullying poderão crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa auto-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento. Muitas vítimas passam a ter um baixo desempenho escolar, apresentam queda no rendimento escolar, deficit de concentração e/ou quebra no processo de aprendizagem. No âmbito da saúde física e emocional e, em situações extremas, a vítima acaba por desenvolver uma severa depressão, stresse, pânico, fobias, distúrbios psicossomáticos, podendo chegar a tentar ou cometer o suicídio.

Os pais devem estar a atentos a sinais como: roupas muito sujas, livros rasgados, hematomas não justificados, objectos em falta, necessidade de mais material escolar ou de dinheiro extra. Outros indicadores como demonstrar falta de vontade de ir à escola, sentir-se mal perto da hora de sair de casa, pedir para trocar de escola, revelar medo de ir ou voltar da escola, pedir sempre para ser levado à escola, mudar frequentemente o trajecto entre a casa e a escola são também muito comuns.

Este é um problema que encontramos em todas as escolas, atingindo faixas etárias cada vez mais baixas, como crianças dos primeiros anos de escolarização. Um estudo realizado em Portugal aponta que 1 em cada 5 alunos (22%), de 06 a 16 anos, já foi vítima de bullying na escola.

Uma vez que o espaço do recreio é convidativo à existência de comportamentos agressivos, a supervisão dos recreios demonstra-se uma medida eficaz na prevenção e diminuição do bullying.

A presença do adulto contribui para a diminuição de práticas agressivas, transformando o recreio num local aprazível e dinâmico.

A escola tem um papel fundamental devendo agir precocemente contra o bullying, intervir imediatamente, logo que seja identificada a prática, e manter a atenção permanente são estratégias ideais.É preciso alterar a forma de avaliação do que é uma brincadeira e do que é bullying, focando a valorização do sentimento de quem sofre bullying, ou seja, respeitar o seu sofrimento e procurar soluções que minorem ou interrompam isso.

Para quem é vítima, a única saída é procurar ajuda começando pelos próprios pais. Quem tem um filho a passar por este problema precisa mostrar-se disponível para ouvi-lo, aconselhá-lo a não ter medo de falar e, entrar em contacto com a escola, pois a única maneira de combater este tipo de prática é a cooperação por parte de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais.

No fundo, é fundamental que se construa uma escola que não se restrinja a ensinar apenas o conteúdo programático, mas também onde se eduquem as crianças e adolescentes para a prática de uma cidadania justa.As medidas adoptadas pela escola para o controle do bullying, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de uma cultura de não-violência na sociedade.

por Drª Ana Rute Farinha

equipa.ultrafeminina@gmail.com

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