#01/2022 – Coisas de mulheres

A história que vos conto nunca se teria passado caso não fosse tão importante para uma mulher encontrar o tom exato e ideal das meias de vidro. Não demasiado claras… nem demasiado escuras. A jogar na perfeição com o nosso tom de pele e a acrescentar aquele ligeiro (mas não excessivo) douradinho do bronzeado que já se foi.

Pois bem, ela estava assim… com aquela ligeira irritação de quem está com um ‘promaior’ em falha. Entre as conversas normais e banais lá ía largando um “parece que tenho as pernas de gesso! Não parece?!”… depois passavam aí uns 20 a 30 minutos de análise dos mercados e foco laboral à séria e lá vinha outra vez “Mas é que pareço pálida… entendes?”

Claro que entendo… tal seria… se há coisa que a sereia entende é que uma mulher quando não se sente confortável consigo mesma, tem de ser pronta e assertivamente assistida por alguém sob pena do dia ir de catástrofe em catástrofe até àquela camada de nervos, vulgarmente chamada de ‘neura’. Amiga que é amiga, não deixa que isto chegue a este ponto… e se chegar… tem de estar pronta para agarrar a amiga no colo e se preciso for lhe deixar enxugar lágrimas e ranho (e gritos também… se for o caso).

Entendi também que além das meias de vidro, também faltava a máquina do tabaco, que tinha só vindo metade da mesma na carteira da princesa. Estávamos então com um acumular de dramas em potencial.

Lá fomos em missão, claro está, por ser uma causa de força maior ir procurar as TAIS meias de vidro.

Poderíamos ser duas… mas na realidade neste dia eramos três, eu… a minha amiga princesa, e uma pequena criança que não tem ainda 10 anos mas que notoriamente à data dos factos apresentava um grau de maturidade, sensatez e discernimento claramente acima do nosso. Uma fada portanto, para tomar conta de nós.

Sabem, caras amigas ultras, as avenidas das cidades estão diferentes. As lojas já não são lojas como eram antes. São só estabelecimentos de comércio não especificado e não especializado vulgarmente chamadas ‘loja do chinês’… mas não há coisa que nos intimide… quais duas borboletas e uma fada a deambular para tentar atravessar a referida avenida fora da passadeira no trânsito das vésperas de natal. Somos fortes, deixem-me dizer-vos! Somos fortes amigas ultras… nunca substimem a ‘woman in a mission’.

Foco ao máximo. Já lá dentro em meio de luzes que piscam ao ponto de potencialmente despultar ataques de epilepsia em indivíduos saudáveis, brinquedos de um plástico duvidoso a tocar o “chorando se foi” ,SIM… a magnifica LAMBADA… quem nunca!? Absolutamente todos os brinquedos da loja do chinês tocam a lambada ;-), depois de passar por uma cortina plástica estilo algo entre a passagem do talho para a câmara frigorífica do mesmo e com uma vontade ferro, lá estava uma prateleira cheia delas… de meias de vidro para vários tons em tamanho único como manda a tradição na loja do chinês e aí estava ela… quem? A minha amiga princesa tinha agora os olhinhos a brilhar de esperança e as mãozinhas entretidas a abrir as caixas todas de forma compulsiva para testar as meiazinhas no seu próprio punho, tão lindaaaaaaa…. e a nossa criança perguntava “Mãe… não se deve abrir as caixas e voltar a pô-las no sítio, pois não?”. Eu nem me lembraria de resposta melhor porque a minha amiga princesa agora de olhar feliz e níveis de nicotina repostos respondeu “Claro que não, fadinha… a tia está a a fazer uma coisa errada, mas é porque isto é uma emergência”. E eu não acrescentei porque não responderia melhor.

O resto foi francamente fluído. Trocámos de meias no provador do chinês como se fosse uma coisa normal. Compramos gomas e pastilhas no chinês como se fosse normal. No regresso ao carro atravessamos na passadeira de forma responsável. E eu ainda aproveitei para ir todo o caminho com a cabeça literalmente fora do carro para o cabelo acabar de secar com a circulação do ar pelo caminho até ao almoço de natal da empresa e chegarmos lá (preferencialmente) com um ar formal e normalizado. A criança no banco de trás com a ventania quase que perdia os próprios pensamentos e aprendemos que a cor de collants ideal se chama ‘Antílope‘, mas há para todos os nomes e gostos desde ‘mocca‘ (com dois ‘c’) a ‘tropical‘ ou ‘vison‘.

Foi muito didático!

Amiga que é amiga, não deixa que isto chegue a este ponto… e se chegar… tem de estar pronta para agarrar a amiga no colo e se preciso for lhe deixar enxugar lágrimas e ranho (e gritos também… se for o caso).

Se isto continua… continua pois… mas isso fica para vos contar na próxima semana.

SUGESTÃO MUSICAL:

ENJOY IT ;-)

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Às terças por Mrs. Simple